Eixo temático 02: 
        Políticas Educacionais: legislação, formação profissional e participação 
        democrática.
      Trata de temas relacionados à inserções e às participações 
        de psicólogos no âmbito das políticas públicas em espaços consultivos 
        e deliberativos, tais como fóruns, redes sociais e conselhos, além do 
        Legislativo, acompanhando e propondo ações junto a deputados e vereadores, 
        visando, também por meios de projetos de lei, contribuir para uma democracia 
        participativa na educação. 
        A presença do psicólogo nesse campo deve resguardar a dimensão do compromisso 
        social e da qualificação técnica e política para o exercício profissional.
      
      EIXO 2 – TEXTO BASE: 
        Políticas Educacionais: legislação, formação profissional e participação 
        democrática
      Marilene Proença Rebello de Souza(6) 
        
        Marisa Lopes da Rocha(7)
      Políticas Educacionais: desafios para a Psicologia 
        no campo da educação escolar.
      A discussão referente à temática das políticas 
        públicas em educação é recente no campo da Psicologia Escolar e Educacional. 
        Podemos dizer que tal discussão remonta, no caso brasileiro, pouco mais 
        de 20 anos. Essa discussão só tem sido possível à medida que a Psicologia 
        e mais especificamente a Psicologia Escolar passaram a ser questionadas 
        nas suas bases epistemológicas e nas suas finalidades.
      6. Doutora em Psicologia Escolar, 
        Professora do Departamento de Psicologia Aprendizagem, do Desenvolvimento 
        e da Personalidade do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
        7. Doutora em Psicologia, Professora do Programa de Pós-Graduação 
        em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
      Tal discussão é introduzida no Brasil com a tese 
        de doutorado de Maria Helena Souza Patto(1984), defendida em 1981 e publicada 
        em livro com o título ”Psicologia e Ideologia: uma introdução crítica 
        à Psicologia Escolar”. Neste trabalho, Patto desnuda as principais filiações 
        teóricas das práticas psicológicas levadas a efeito na escola, os métodos 
        que os psicólogos vinham empregando, destacando o fato de as explicações 
        sobre as dificuldades escolares estarem centradas nas crianças e em suas 
        famílias, e a forma restrita como a Psicologia interpretava os fenômenos 
        escolares. A autora discute a serviço de que e de quem estariam a Psicologia 
        e a Psicologia Escolar, bem como a prática psicológica a ela vinculada 
        e conclui que a atuação profissional do psicólogo no campo da educação 
        avançava pouco a serviço da melhoria da qualidade da escola e dos benefícios 
        que esta escola deveria estar propiciando a todos, em especial, às crianças 
        oriundas das classes populares, ressaltando a presença da carência cultural 
        como a teoria que embasava as explicações para o mau desempenho escolar 
        das crianças das escolas públicas.
      Iniciava-se, portanto, na trajetória da Psicologia 
        e da Psicologia Escolar, um conjunto de questionamentos a respeito: 
        a) do papel social da Psicologia enquanto Ciência e Profissão e da Psicologia 
        Escolar, enquanto campo de atuação do psicólogo e 
        b) dos pressupostos que norteavam a construção do conhecimento no campo 
        da Psicologia e da Psicologia Escolar, bem como suas finalidades em relação 
        à escola e àqueles que dela participam.
      Este processo de discussão no interior da Psicologia 
        vai tomando corpo em um momento político nacional bastante propício para 
        a discussão teórico-metodológica em uma perspectiva emancipatória e enraizada 
        na realidade social. Pois, naquela mesma década, intensificaram-se os 
        movimentos sociais pela redemocratização do Estado brasileiro, tais como 
        movimentos de trabalhadores 28 metalúrgicos(8), movimentos 
        de professores(9), movimento pelas eleições diretas em 
        todos os níveis e cargos de representação política e rearticulação dos 
        partidos políticos. Além disso, no plano político, lutava-se por uma nova 
        Constituição que retirasse do cenário legislativo o que se denominava 
        de “entulho autoritário”, oriundo de mais de vinte anos de Ditadura Militar 
        no Brasil. A Constituição de 1988, denominada “Constituição Cidadã”(10), 
        abre caminhos para a institucionalização dos espaços democráticos, na 
        recuperação de direitos civis e sociais, centrada em dois princípios básicos: 
        a descentralização do poder do Estado e a participação social ampla da 
        sociedade civil nas decisões políticas. A ela seguem-se o Estatuto da 
        Criança e do Adolescente (1990), a Declaração de Educação para Todos (1990), 
        a Declaração de Salamanca (1994) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
        Nacional, em 1996, apenas para citar algumas das mais importantes iniciativas 
        institucionais de introduzir mudanças estruturais nas relações sociais 
        e civis no campo dos avanços dos direitos sociais e humanos. Portanto, 
        é no bojo da redemocratização do Estado, da descentralização do poder 
        para os Municípios e Estados, que a educação passa a ter autonomia para 
        planejar, implementar e gerir suas políticas educacionais (NENEVÉ & SOUZA, 
        2006).
      A partir das discussões e críticas presentes no 
        campo da Psicologia, na sua relação com a educação escolar, a Psicologia 
        Escolar e Educacional inaugura uma década de pesquisas que se voltam para 
        o novo objeto de estudo da psicologia: o fracasso 
        escolar. Discussão iniciada ao final dos anos 80, o tema do fracasso 
        escolar passa a centralizar questões que envolvem os estudos sobre a escola, 
        tanto no campo da Psicologia, quanto no campo da Educação (PATTO, 1990; 
        ANGELUCCI, KALMUS, PAPARELLI & PATTO, 2004). Temas, tais como: vida diária 
        escolar, práticas educacionais, relações institucionais na escola, processos 
        de estigmatização escolares (COLLARES & MOYSÉS, 1998), diferenças de classe 
        social na escola e de gênero (NEVES & ATHAYDE, 1998), papel das avaliações 
        psicológicas para as crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem 
        (MACHADO, 1996), instrumentos de diagnóstico e de avaliação dos processos 
        escolares, papel do psicólogo, identidade profissional (ANDALÓ, 1993) 
        e o lugar da Psicologia enquanto ciência, em uma sociedade de classes, 
        foram pesquisados e problematizados pelos psicólogos e estudiosos da área 
        (BOCK, 2002). Portanto, a discussão crítica no campo da Psicologia Escolar 
        insere um novo eixo de análise do processo de escolarização: o papel das 
        políticas públicas educacionais na constituição do dia-adia escolar e 
        do aluno que aprende, na relação do professor com a sua tarefa docente, 
        nas condições objetivas que permitem que a escola realmente possa cumprir 
        as suas finalidades sociais.
      8. Destacando-se o Movimento de Metalúrgicos 
        de São Bernardo do Campo (SP) descrito pelo livro de Eder Sader, intitulado 
        “Quando novos personagens entraram em cena”, 1988, Ed. Paz e Terra. 
        9. Um dos destaques aconteceu em São Paulo, por meio da 
        APEOPESP - Associação de Professores do Ensino Oficial Público do Estado 
        de São Paulo, organizando mais de 150 mil professores. 
        10. Trabalho importante de discussão desse período foi 
        realizado por MINTO, C.A. Legislação Educacional, cidadania virtual, anos 
        90.1996. Tese (doutorado) - Faculdade de Educação. Universidade de São 
        Paulo, São Paulo.
      Assim, pesquisar a escola, as relações escolares, 
        o processo de escolarização a partir dos anos 80 significou pesquisar 
        uma escola que foi e está sendo atravessada por um conjunto de reformas 
        educacionais(11), fruto de políticas públicas no campo 
        da educação escolar. Se a crítica à Psicologia Escolar tradicional levava-nos 
        a compreender a escola e as relações que nela se constituem a partir das 
        raízes históricas, sociais e culturais de sua produção, mister se fazia 
        pesquisá-las no contexto das políticas públicas educacionais. Entender 
        as políticas públicas é compreender como os educadores, alunos e gestores 
        vivenciam sua implantação e participam de sua concepção.
      11. Entre os primeiros trabalhos 
        de pesquisa sobre as temáticas das políticas públicas do estado de São 
        Paulo a partir das discussões postas pela Psicologia Escolar estavam os 
        de: Cunha, 1988; Souza, 1991; Souza, 1991; Cruz, 1994; Serroni, 1997.
      Atualmente, os primeiros trabalhos sobre o tema 
        estão sendo publicados e as pesquisas têm mostrado algumas dificuldades 
        que precisam ser enfrentadas principalmente quanto à implantação de políticas 
        públicas em educação tais como: a) a manutenção de formas hierarquizadas 
        e pouco democráticas de implementação das políticas educacionais; b) a 
        desconsideração da história profissional e política daqueles que fazem 
        o dia-a-dia da escola; c) a implantação de políticas educacionais sem 
        a necessária articulação com a devida infra-estrutura para sua real efetivação; 
        d) a manutenção de concepções a respeito dos alunos e de suas famílias, 
        oriundos das classes populares, que desqualificam parcela importante da 
        população para a qual estas políticas são dirigidas; e) o desconhecimento 
        das reais finalidades das políticas educacionais implementadas pelos próprios 
        educadores; f) o aprofundamento da alienação do trabalho pedagógico e 
        a busca quase desumana de significado e de sentido pessoal (SOUZA, 2006).
      Portanto, conhecer como as políticas são implantadas, 
        as questões postas pelos educadores com relação às concepções e perspectivas 
        e as condições de trabalho para sua implementação são fundamentais para 
        que o psicólogo atue no campo da educação. É importante ressaltar ainda 
        que, em muitos casos, embora denominadas de políticas públicas, muitas 
        das ações no âmbito dos estados e municípios não passam de programas de 
        governo ou até mesmo de uma parcela do governo eleito e que, em muitos 
        casos, apresentam solução de continuidade.
      Questões referentes à profissão
      Do ponto de vista da profissão, podemos dizer que 
        as críticas oriundas dos anos 80 contribuíram, sobremaneira, para uma 
        retração da presença do psicólogo no campo da educação. A constatação 
        de práticas adaptativas da criança em uma escola que não correspondia 
        às necessidades educativas postas por sua finalidade, fez com que muitas 
        redes de ensino retirassem psicólogos da área de atuação educacional para 
        o campo da saúde(12). O argumento que fortaleceu esta 
        transferência, de maneira geral, centrou-se no fato de que tais profissionais 
        atuavam em uma prática clínica e diagnóstica e não educacional.
      No plano da educação, as lideranças políticas educacionais, 
        entidades representativas e acadêmicas do Magistério, incorporaram as 
        críticas dos anos 80 feitas pela Psicologia, identificando o psicólogo 
        enquanto pertencente à área de saúde tão somente e, soma-se a isso, com 
        uma noção de saúde vinculada à perspectiva médico-assistencial, considerando-o 
        um profissional que atuaria na mesma esfera de dentistas, fonoaudiólogos, 
        pediatras e, portanto, não devendo compor o quadro de profissionais da 
        escola.
      Assim sendo, a hegemonia que foi fortalecida nas 
        práticas do psicólogo do pensamento de que o profissional de psicologia 
        pertencia somente à área da saúde e com uma abordagem que não contempla 
        o âmbito da complexidade do processo institucional, enfraqueceu outras 
        áreas de atuação existentes, como por exemplo a área educacional. Este 
        fato se materializa, no campo da educação, mais especificamente na promulgação 
        da LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, ao 
        afirmar no artigo 67, § 2º que:
      Para os efeitos do disposto no § 
        5º do art. 40 e 
        no § 8º do art. 201 da Constituição Federal, são 
        consideradas funções de magistério as exercidas 
        por professores e especialistas em educação no
        desempenho de atividades educativas, quando 
        exercidas em estabelecimento de educação básica 
        em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, 
        além do exercício da docência, as de direção de 
        unidade escolar e as de coordenação e 
        assessoramento pedagógico. 
      12. No estado de São Paulo, o psicólogo 
        foi transferido da área da educação para saúde nos principais municípios, 
        tais como São Paulo, Campinas, Santos, São José do Rio Preto, dentre outros. 
        No município do Rio de Janeiro, a partir da década de 1990, o psicólogo 
        também foi transferido para a área da saúde, ficando na educação apenas 
        os contratados pelo estado, vinculados à educação especial.
      E no ponto de vista da Psicologia, a opção por 
        descrever a atuação do psicólogo enquanto um profissional da área da Saúde 
        revela-se na atualização feita pelo Conselho Federal de Psicologia na 
        descrição presente no CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, revista 
        em 2002, em que o verbete Psicólogos aparece juntamente ao termo Psicanalistas, 
        e tem como descrição geral da ocupação de psicólogo o seguinte texto:
      Estudam, pesquisam e avaliam o desenvolvimento 
        emocional e os processos mentais e sociais de indivíduos, grupos e instituições, 
        com a finalidade de análise, tratamento, orientação e educação; diagnosticam 
        e avaliam distúrbios emocionais e mentais e de adaptação social, elucidando 
        conflitos e questões e acompanhando o(s) paciente(s) durante o processo 
        de tratamento ou cura; investigam os fatores inconscientes do comportamento 
        individual e grupal, tornando-os conscientes; desenvolvem pesquisas experimentais, 
        teóricas e clínicas e coordenam equipes e atividades de área e afins (CBO, 
        2002, s.p.). Os termos utilizados para descrever a profissão centram-se 
        em uma visão de diagnóstico, tratamento e cura, avaliação e de pesquisa, 
        cujo aspecto individual e emocional é a tônica. Conforme analisam Barroco 
        e Souza:
      As novas descrições nos preocupam, 
        pois 
        ao longo de sua história, a Psicologia Escolar 
        e Educacional disponibilizou um dado corpo 
        teórico e uma dada forma de intervenção que 
        acabou por fortalecer uma compreensão 
        biologizante ou medicalizante da constituição 
        e do desenvolvimento do psiquismo humano e, 
        em conseqüência, dos motivos que levam à 
        não-aprendizagem (2008, Mimeo).
      Portanto, as discussões que os psicólogos vêm realizando 
        no campo da educação, as questões postas para a atuação profissional em 
        uma perspectiva que critica a visão medicalizante da psicologia não são 
        contempladas nos descritores referentes à profissão de psicólogo, tampouco 
        naqueles que atuam no campo da educação. Temos, portanto, um desafio pela 
        frente: resgatar as finalidades da profissão no que tange às relações 
        com o campo educativo.
      Questões referentes à formação profissional
      As discussões a respeito da formação profissional 
        no campo da Psicologia se mantiveram durante a década de 90 (ANDALÓ, 1993; 
        SOUZA, 1996; MACHADO, 1996; TANAMACHI, 1997; MEIRA, 1997; YAZZLE, 1997) 
        fortalecidas pela busca de outros modos de subjetivação dos profissionais, 
        articuladas com os novos desafios sociais.
      Mais especificamente, essas discussões desembocaram 
        na articulação nacional que norteou a elaboração das Diretrizes Curriculares 
        para o Curso de Graduação em Psicologia, cujas idéias são discutidas no 
        bojo da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Sobre 
        tais discussões destacam-se o livro organizado por Guzzo (2002, 2ª ed.), 
        fruto de debates construídos no interior do Grupo de Trabalho em Psicologia 
        Escolar da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia 
        e o trabalho de Yamamoto (2000).
      As Diretrizes comparecem no cenário nacional oficialmente 
        em 2004, trazendo mudanças bastante significativas em relação ao Currículo 
        Mínimo, em seus princípios, objetivos e metas, circunscritas ao modelo 
        dos Parâmetros Curriculares Nacionais, centradas na concepção construtivista 
        de aprendizagem. Nesta perspectiva teórico-metodológica, o currículo deverá 
        ser construído tendo em vista a aquisição de competências e habilidades 
        para a formação e o exercício profissional. Dentre as inovações previstas, 
        destaca-se a ruptura com a concepção de áreas de atuação profissional 
        no interior da formação. As áreas tradicionais (Psicologia Clínica, Escolar 
        e Organizacional) deveriam ser substituídas por ênfases curriculares, 
        a ser escolhida por alunos nos últimos períodos do curso e tais ênfases 
        poderiam ter inclusive aspectos de duas ou mais áreas interligadas.
      Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para 
        a área de Psicologia, o que se espera de uma formação profissional em 
        psicologia pelas Instituições de Ensino Superior do Brasil é que esteja 
        voltada para a atuação profissional, pesquisa e ensino de Psicologia, 
        assegurando determinados princípios e compromissos, a saber: a) construção 
        e desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia; b) compreensão 
        dos múltiplos referenciais que buscam apreender a amplitude do fenômeno 
        psicológico em suas interfaces com os fenômenos biológicos e sociais; 
        c) reconhecimento da diversidade de perspectivas necessárias para compreensão 
        do ser humano e incentivo à interlocução com campos de conhecimento que 
        permitam a apreensão da complexidade e multideterminação do fenômeno psicológico; 
        d) compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e 
        políticos do País, fundamentais ao exercício da cidadania e da profissão; 
        e) atuação em diferentes contextos considerando as necessidades sociais, 
        os direitos humanos, tendo em vista a promoção da qualidade de vida dos 
        indivíduos, grupos, organizações e comunidades; f) respeito à ética nas 
        relações com clientes e usuários, com colegas, com o público e na produção 
        e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações na área da Psicologia; 
        g) aprimoramento e capacitação contínuos.
      No que tange à atuação do psicólogo no campo da 
        educação, as discussões iniciadas nos anos 80 tiveram excelentes resultados 
        e muitos se articulam com as questões postas pelas novas Diretrizes Curriculares, 
        como procuramos apresentar a seguir. A Psicologia Escolar e Educacional 
        tem suscitado inúmeras reflexões acerca da formação e da prática dos profissionais 
        que nela atuam, sobretudo, a necessidade de redefinição do papel do psicólogo 
        na escola e de reestruturação de sua formação acadêmica (BALBINO, 1990; 
        2007; BOCK, 2002; WITTER 1997, 2002; MALUF, 1994; JOBIM e SOUZA, 1996; 
        WECHSLER, 1996; ALMEIDA, 1999; DEL PRETTE 2001, 2002; GOMES, 2002; GUZZO, 
        1996, 2002; NOVAES, 2002; JOLY, 2000; SOUZA, 1996; CHECCHIA & SOUZA, 2003; 
        MARINHO-ARAÚJO, 2007; YAZLLE, 1990; MARTINS, 2002, MEIRA, 2002; MACIEL, 
        2001; MARASCHIN, FREITAS & CARVALHO, 2003; MARCONDES, FERNANDES & ROCHA, 
        2006; ARAGÃO, BARROS E OLIVEIRA, 2007, CRUCES & MALUF, 2007).
      Segundo Novaes:
      o surgimento de novos espaços e tempos 
        
        educativos provocará, sem dúvida, mudanças 
        não só no próprio sistema educacional e social 
        como nas práticas profissionais do psicólogo
        escolar (2002, p. 98).
      Afirma a autora que não podemos continuar vislumbrando 
        o futuro como uma mera continuidade do passado ou até mesmo do presente, 
        pois nos encontramos diante de uma crise histórica que “exige novas soluções 
        para novos problemas”. Neste sentido, afirma que “o psicólogo escolar 
        terá que procurar caminhos outros para ajudar a construir esse novo século 
        que já está em nossas portas” (p.101).
      Para Gomes, a Psicologia Escolar também precisa 
        acompanhar a realidade atual: “Considerando que a sala de aula reflete 
        a sociedade, é urgente que a Psicologia Escolar transforme cada vez mais 
        o foco de interesse [...], (2002, p. 50), para isto:
      [...] será necessário repensar a 
        Universidade que, 
        por um lado desenvolve pesquisas e aprimora os 
        conhecimentos na área e por outro não prepara 
        profissionais capazes de enfrentar o desafio de 
        promover Educação e Saúde no ambiente 
        escolar (p. 71).
      Checchia & Souza consideram ainda que a formação 
        profissional deva, nesta área, favorecer:
      a realização de uma prática de atendimento 
        psicológico
        que busque a ruptura do fracasso escolar, 
        [...] considerando a complexidade das 
        práticas envolvidas na vida escolar (2003, p.125).
      Para as autoras, a Psicologia no campo da dimensão 
        educativa do trabalho do psicólogo tem construído os elementos constitutivos 
        para uma atuação e uma formação em uma perspectiva crítica. Analisam que 
        tal construção baseia-se no tripé: a) compromisso da Psicologia com a 
        luta por uma escola democrática e com qualidade social; b) ruptura epistemológica 
        relativa à visão adaptacionista de Psicologia; e c) construção de uma 
        práxis psicológica frente à queixa escolar (p.126).
      Mas como aproximar as questões postas na área da 
        Psicologia Escolar e Educacional e os desafios das Diretrizes Curriculares 
        em Psicologia? Marinho-Araújo tenta fazer esse exercício de análise e 
        de aproximação entre as discussões instaladas na área e os desafios das 
        Diretrizes Curriculares. Um primeiro aspecto destacado pela autora é a 
        necessidade de clareza em relação ao perfil profissional esperado do egresso 
        do Curso de Psicologia. Ou seja, que psicólogo desejamos formar? 
        Segundo a autora:
      a implantação das Diretrizes requer 
        a construção 
        de um perfil crítico e comprometido com a transformação 
        das condições sociais e de trabalho que permeiam o 
        contexto escolar e educacional, articulando-se coletivamente 
        e defendendo a utilidade das intervenções, como suporte 
        ao reconhecimento social da profissão (2007, p.20).
      Portanto, quando articulamos o perfil indicado 
        com as questões postas pela área, conforme analisa a autora, estaremos 
        nos comprometendo com uma formação que se encontra implicada com as concepções 
        que estarão na direção da busca pela cultura de ampliação das condições 
        de acesso e permanência da população no âmbito escolar, por novas concepções 
        sobre o desenvolvimento humano, pela direção da complexidade de sua definição, 
        substituindo paradigmas como o da doença e do tratamento pelo da saúde 
        nas relações e pela construção de estratégias que favoreçam políticas 
        públicas vinculadas à experiência concreta de coletivos.
      Redimensionando a formação e as práticas da Psicologia 
        no campo da Educação para uma participação democrática
      A escola é um modo de organizar a formação, de 
        pensá-la e de fazê-la – escola é uma organização possível entre outras 
        ainda não pensadas, não realizadas. Ela se apresenta como estrutura, previsibilidade, 
        organograma que estabelece como deve ser, porém quando falamos de escola, 
        falamos de padrões, de hábitos de papéis a desempenhar que não são neutros, 
        são escolhas, mesmo que isso não seja discutido e escolhido com clareza 
        porque as tradições, os interesses políticos já naturalizaram uma rotina 
        institucional. Uma organização é atravessada por instituições, por práticas 
        e valores que servem de referência aos atos que a atualizam diariamente.
      Uma escola quando organiza seu cotidiano de trabalho, 
        afirma referenciais de normalidade, de certo e errado, de “quem sabe” 
        e de “quem não sabe e deve aprender”, de “como deve se comportar”. Afirma 
        valores, modos, tempos e marca lugares, classifica e impõe uma certa ordem 
        ao mesmo tempo que cria o que escapa, o que é avesso, o que é desordem. 
        Quase nunca problematizamos isso na escola, dificilmente se dá visibilidade 
        às instituições que estão em jogo nas relações. As equipes da educação 
        trabalham cada vez mais de forma acelerada, vivendo os efeitos das práticas 
        coletivas que tecem as tramas, sem conseguir entender o que se passa e 
        como criar alternativas às impotências cada vez maiores para muitos professores, 
        alunos, familiares e psicólogos.
      Então, quando dizemos que o psicólogo quer trabalhar 
        a favor da vida, da cultura e da melhoria de condições de trabalho, isso 
        diz respeito ao enfrentamento das adversidades, às tentativas de colocar 
        em análise coletiva o que é produzido no cotidiano da sala de aula, da 
        escola, favorecendo a experimentação de um outro tempo menos acelerado, 
        mas talvez mais inventivo para dar conta do que não conhecemos, do que 
        é imprevisível.
      Se os rituais da escola se constroem a partir de 
        modelos do bom aluno, do ritmo adequado para a aprendizagem, do comportamento 
        disciplinado, quando nos deparamos com a diversidade de vidas, de modos 
        de inserção das famílias e de seus arranjos para sobreviver, da composição 
        das turmas, dos diferentes estágios em que os alunos chegam e de seus 
        modos de compreensão das matérias.... o que fazer?
      Quem é o especialista que vai fazer a mágica de 
        transformar o diverso em homogêneo? O múltiplo em “um”, caminho contrário 
        aos das práticas democráticas. Este é o lugar que nos aguarda quando chegamos 
        ao mercado de trabalho, às instituições que guardam tradições, mesmo com 
        a vigência de legislações mais favorecedoras aos processos menos centralizadores 
        e verticais. O desafio é produzir um deslocamento desse lugar (lugar impossível!) 
        já marcado para nós. A perspectiva é a de deslocar as demandas já existentes, 
        ou seja, de produzir outras demandas.
      A luta do psicólogo, então, é a de sustentar um 
        campo de indagações que dê tempo para que os educadores possam se deslocar 
        também dos seus lugares marcados de quem sabe, de quem está impotente, 
        de quem já desistiu, contribuindo para a produção de novas perguntas que 
        coloquem em foco às relações entre “um” e “outro”, tirando de cena a exclusividade 
        dos corpos “em si” em situação de isolamento – que paralisa o trabalho 
        –, para poder perguntar sobre as situações, as circunstâncias, os valores, 
        as práticas que constroem o cotidiano – que movimenta o trabalho.
      Certamente não faremos isso se não ampliarmos nossa 
        cultura educacional, se não procurarmos nos inteirar das polêmicas da 
        formação, se ficarmos parados em um certo “enquadre clínico” que só fala 
        de “um corpo” ou de “humano” como generalidade da espécie. Como estabelecem 
        Benevides e Passos é preciso reavaliar e criticar o conceito de humanização:
      A humanização como política pública 
        deveria 
        criar espaços de construção e troca de saberes,
        investindo nos modos de trabalhar em equipe.
        Isto supõe, é claro, lidar com necessidades, 
        desejos e interesses destes diferentes atores. 
        A humanização se apresenta para nós como 
        estratégia de interferência no processo de produção 
        da saúde levando em conta que os sujeitos, 
        quando mobilizados, são capazes de transformar 
        realidades, transformando-se a si próprios neste 
        mesmo processo (2005, p.4-5). 
      Do mesmo modo, podemos dimensionar o conceito de 
        democracia entendendo-o como política pública, ou seja, de interferência 
        coletiva, de ação de todos que se exerce nos movimentos sociais, nas organizações 
        de representação de classes e também no cotidiano de vida e trabalho nas 
        instituições sociais, possíveis campos de fermentação das lutas como é 
        o caso das escolas.
      Rocha (2001, p. 213-229) evidencia que a demanda 
        por psicólogos para o atendimento das crianças na escola só se dá quando 
        prepondera a luta por mecanismos de controle: o especialista só entra 
        em cena quando a escola se cristaliza em uma pluralidade de leis e abandona 
        o enfrentamento do coletivo nas suas divergências, enfraquecendo a capacidade 
        de negociação e os vínculos que tecem a rede social. É importante perceber 
        que tensões e conflitos estão sempre presentes e representam o investimento 
        dos sujeitos na vida daquela coletividade, obrigando a lidar com as turbulências 
        que se produzem a cada momento. É do difícil convívio com as inquietações 
        e com as diferenças que a solidariedade se engendra enquanto sentido e 
        ação comum que rompem com o isolamento.
      Assim, evitando os riscos de reducionismos quando 
        se trata das discussões que atravessam as políticas públicas, consideramos 
        que a formação e o exercício profissional do psicólogo escolar/educacional 
        que trabalhe a favor de uma participação democrática junto à comunidade 
        escolar, implicam na polêmica da questão da diferença. E, no que tange 
        às dimensões de análise e de luta, Veiga-Neto introduz importantes relações:
      [...] diferença não é antônimo de 
        igualdade. 
        Nós queremos a igualdade, mas ao mesmo 
        tempo nós queremos manter as diferenças. 
        O contrário de diferença é a mesmice, 
        o contrário de igualdade é a desigualdade. 
        Isso pode ser fácil de compreender; mas não 
        é uma coisa simples de executar (2005, p.58).
      Ainda segundo o autor, os discursos e as ações 
        hegemônicas vinculadas às políticas públicas caminham no sentido de equalização 
        do diverso, e a escola não entra em discussão. Veiga-Neto ressalta que 
        qualidade, nessa perspectiva, será entendida e avaliada como o interesse 
        e o esforço ‘do diferente’ em chegar lá, reafirmando o modelo. O que é 
        o diferente? A princípio poderíamos dizer que é “o esquisito”, “o aluno 
        especial”, “o que foge muito ao padrão estabelecido” como “o bom”. Diríamos 
        “o diferente” e não a diferença porque a educação e a psicologia tradicionalmente 
        olham para “um”.
      Todavia, podemos também, divergindo desse olhar 
        instituído, ao invés de falar “do esquisito” falar de esquisitices e aí 
        estaríamos falando de cada um de nós, de todos nós. Quando a escola é 
        um lugar para qualquer um? Quando o psicólogo pode contribuir para que 
        a intensificação da luta diária, permanente para acolher nossas esquisitices? 
        Tais perguntas não podem sair de cena, pois elas nos auxiliam a sustentar 
        polêmicas e análises sobre a prática pedagógica e também sobre as condições 
        sócio-históricoinstitucionais que a circunscreve.
      A sociedade contemporânea sofreu um encolhimento 
        da organização pública, passando a ser vivida na ampliação do mundo privado. 
        Em muitas escolas a sala de professores virou um corredor de passagem 
        ou mais uma sala de aula, o tempo do recreio diminuiu, ou seja, os locais 
        e tempos de encontro “fora de controle”, estão sendo suprimidos em função 
        da quantidade de alunos e de aulas e isso traz efeitos que não podem estar 
        fora de foco.
      O trabalho nas instituições implica atenção e cuidados 
        não diretamente nos corpos, mas nas redes interna e externa que tensionam 
        os corpos. Isso para os psicólogos, implica em conhecer mais de educação, 
        dos ciclos, das histórias das lutas por mudanças e dos modos como essas 
        mudanças ganham forma de leis e afetam os educadores que muitas vezes 
        não mais se identificam com a luta na forma que ganhou corpo na conquista 
        da lei. Isso porque compreender e atuar na complexidade do cotidiano escolar, 
        não tem sido tarefa fácil se a criança e o adolescente são vistos isoladamente, 
        sendo considerados na qualidade de portadores de diferentes carências 
        e patologias, o que se acentua, nos casos das classes populares, com as 
        questões sobre violência e riscos.
      Se vivemos mal o espaço público, as misturas, as 
        diferenças, como trabalhar com coletivos, acentuando o caráter público 
        das ações? Público não é ser espectador, mas refere-se a abertura de espaço 
        polêmico para as práticas, o que implica um outro tempo, é publicização 
        do que se faz, trocas que fazem circular boas idéias e potencializam outras 
        idéias? Isso é uma questão para todos implicados com a formação.
      Diferenças não são características, mas efeitos 
        de diferenciação envolvendo, portanto, o que resulta em outro modo de 
        pensar e de fazer formação. Fala de movimento, do que vai se modificando 
        no percurso em nós e nas relações a partir de nós (Rocha, 2006).
      Conforme analisa Dallari, a cidadania está intimamente 
        relacionada com o processo participativo:
      A cidadania expressa um conjunto 
        de direitos que dá 
        à pessoa a possibilidade de participar ativamente da 
        vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania 
        está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada 
        de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro 
        do grupo social (1998, p.14).
      Formar não é moldar o informe, é criar um território 
        favorável à cooperação, a curiosidade, a indagação, a provisoriedade e 
        a permanente produção de sentidos – o que é permanente é a luta pela produção 
        de sentidos que nos faz coletivo e que nos ampara para suportar o provisório, 
        as mudanças necessárias para acolher nossas esquisitices.
      Deste modo, pensar em mudar a formação não é só 
        trazer mais um recurso tecnológico, é possibilitar a produção de políticas 
        públicas, que ponham atenção sobre os efeitos de diferenciação, ou seja, 
        de como o percurso produzido por todos vem ganhado corpo, mas um corpo 
        em múltiplas formas.
      A participação da Psicologia na discussão das contradições 
        e dificuldades do sistema escolar hoje vigente é, portanto, vital nesse 
        momento em que se encontra a escola brasileira, sob o risco de continuarmos 
        formando gerações de excluídos, de adolescentes e jovens que, por não 
        se apropriarem do conhecimento socialmente acumulado, estarão a mercê 
        das ideologias e do avanço do capital, e cada vez mais distantes dos direitos 
        sociais, da melhoria da condição de vida e da construção de uma educação 
        emancipatória e cidadã (NENEVÉ & SOUZA, 2006).
      Legislação e práticas sociais
      Considerando o contexto apontado anteriormente, 
        vislumbra-se que a participação de psicólogos no campo legislativo, seja 
        propondo projetos de lei ou acompanhando aqueles que estejam em tramitação, 
        deve considerar alguns princípios importantes que a área vem construindo 
        em sua trajetória, quer no campo das concepções sobre a ciência, quer 
        sobre a profissão, tais como:
      a) a dimensão do trabalho do psicólogo na educação 
        escolar é institucional, o que significa trabalhar a partir de propostas 
        de coletivização das práticas, envolvendo os diversos setores e protagonistas 
        da escola, em articulação com as demais instâncias sociais e tendo como 
        perspectiva colocar em análise o campo de relações sócio-políticopedagógicas 
        para a melhoria das condições de vida e trabalho na escola;
      b) as atividades que envolvem a atuação são de 
        cunho interdisciplinar e multiprofissional, articulando várias esferas 
        a partir da escola com a comunidade e redes sociais de apoio e de produção 
        de saúde e cultura. Para tanto, um aspecto a ser destacado é a importância 
        da construção de espaços de produção e circulação de conhecimentos entre 
        educadores, diferentes profissionais da escola e especialistas do sistema 
        de saúde, de assistência social e socioeducativo no sentido de intensificar 
        as trocas e favorecer ações conjuntas.
      c) as práticas desenvolvidas no âmbito institucional 
        se constituem frente às demandas da escola, definidas coletivamente e 
        nas instâncias que elaboram o projeto político-pedagógico escolar. Partimos 
        da idéia de que o projeto político pedagógico explicita os anseios e as 
        perspectivas da escola por ser construído com a participação de todos 
        os segmentos, ou seja, de professores, comunidade, alunos e funcionários;
      d) as ações buscam fortalecer a elaboração de políticas 
        públicas que de fato se articulem com as finalidades emancipatórias da 
        educação escolar; cabe aos educadores e demais segmentos da escola definirem 
        os seus princípios educacionais à luz das questões postas no campo da 
        Educação e ao psicólogo colaborar com o conhecimento da área para sua 
        elaboração;
      e) a formação dos profissionais que atuam na educação 
        é permanente e requer o conhecimento e atualização no campo das contribuições 
        da área, do conhecimento construído academicamente e profissionalmente;
      f) a ação profissional tem como perspectiva ampliar 
        a articulação das equipes escolares, criando novos possíveis na luta pela 
        qualidade de vida e condições de trabalho e levando em conta a construção 
        coletiva e consecução do projeto político pedagógico como instrumento, 
        entre outros, de democratização das práticas escolares. Esse é um grande 
        desafio, tendo em vista a heterogeneidade da(s) escola(s) e dos interesses 
        nela presentes: em sua atuação institucional, o psicólogo poderá avaliar 
        a cada momento os limites e possibilidades do desenvolvimento de seu trabalho 
        a fim de estabelecer estratégias pertinentes a sua consecução.
      Tais aspectos a respeito da relação da Psicologia 
        com o campo da educação, sob os eixos mencionados neste texto, estão articulados 
        com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de psicólogos. 
        Dentre vários princípios, as Diretrizes defendem: a) o reconhecimento 
        da diversidade de perspectivas necessárias para compreensão do ser humano 
        e incentivo à interlocução com campos de conhecimento que permitam a apreensão 
        da complexidade e multideterminação do fenômeno psicológico; b) a compreensão 
        crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do País, 
        fundamentais ao exercício da cidadania e da profissão e c) uma atuação 
        em diferentes contextos considerando as necessidades sociais, os direitos 
        humanos, tendo em vista a promoção da qualidade de vida dos indivíduos, 
        grupos, organizações e comunidades. Portanto, temos um desafio que tem 
        início na formação de psicólogos de conceber um currículo alicerçado nestes 
        pilares, bem como propiciar a continuação dessa formação para além da 
        formação inicial, atualizando o profissional nas discussões técnicas e 
        políticas de seu campo de trabalho. Pudemos considerar que a Educação 
        Escolar é um campo em movimento, articulado com o movimento social e das 
        políticas vigentes, com todas as suas contradições e dimensões. E estamos 
        em um momento privilegiado pois estamos sendo chamados para construir 
        uma Psicologia enraizada nas questões sociais, cujos referenciais propiciam 
        uma análise crítica da realidade e articulada com as políticas públicas.
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